Sua barba, uma arma pra me conquistar

Sua barba no meu corpo sambalança o meu coração também.


Parafrasear Benjor nunca fora tão oportuno. E as metáforas poderiam continuar a rodo, mas prefiro eu mesma com as minhas próprias palavras narrar os episódios que se seguirão. Como forma de reviver o passado. Como mecanismo para conter a saudade. Como um exercício de resgate das sutilezas.
Afinal, são as minúcias dos nossos encontros que fazem deles tão especiais. Explico: te ver depois de uma semana cansativa é ótimo, mas te cumprimentar com um beijo que é pura saliva e saudade é a parte extraordinária da noite.
E mais: gosto de passar muito tempo escolhendo uma roupa para sairmos. Mas gosto principalmente porque sei que, qualquer que seja, ela vai passar a noite inteira jogada pelo avesso no chão do seu quarto.
"Roupa pelo avesso não pode, Amália!" Já diria minha mãe. E toda manhã quando, depois do nosso banho, eu estou catando as minhas roupas, respondo a ela em pensamento que o que faz mal mesmo é adiar o prazer.
Não pode, é pecado, é crime. Infração gravíssima sujeita à mais rigorosa das penas do Código Penal. Absurdo digno do mais cruel dos castigos. Passível até de excomunhão, se católicos fôssemos. Não dá para adiar o prazer... É por isso que te chupo no escurinho do cinema.
E na rede.
E na cozinha.
E onde mais for possível.
Gosto de te sentir inteiro na minha garganta, de apreciar seu gosto como quem degusta um bom vinho. Gosto de sorver o seu suor.
E aqui eu poderia me estender durante horas falando só das nossas acrobacias na cama. Poderia tentar pôr em palavras a sensação de passar alguns segundos no céu, quando você me causa tremores. Poderia falar como eu gosto quando você puxa meu cabelo e fala sacanagem no meu ouvido... Mas é que eu gosto mesmo quando você me põe no colo e diz que adora fazer amor comigo. Gosto especialmente quando depois de uns bons tapas na bunda você me faz cafuné (gosto não, aqui eu me apaixono todas as vezes).
E me apaixono também pelo seu olhar semicerrado enquanto está dentro de mim. Pelo seu sorriso de canto de boca. Pelo seu maxilar rígido. Pelo ranger dos seus dentes.
Mas acho que me apaixonei mesmo foi pelo cara de camisa social que deitou na areia da praia comigo!
(Preciso dizer o quanto é apaixonante abrir meu email e ver que você parou de trabalhar por alguns minutos para se dedicar a assuntos do meu interesse?)
E a lista continua: extensa, minuciosa, apaixonante... Gosto da sua pasta de músicas que mais parece a minha. E gosto ainda mais quando posto Jack Johnson no facebook e você o escolhe para ser nossa trilha sonora. Gosto quando a gente ensaia uns passinhos de forró no banheiro. E quando, também no banheiro, você escova meu cabelo. Gosto de ouvir Nando Reis no dia seguinte e lembrar do seu cheiro, do seu corpo coladinho no meu.
Gosto de mais uma infinidade de coisas! E podia também agradecer por outra infinidade de coisas. Mas se eu puder agradecer por algo: obrigada por me inquietar. Obrigada por chegar, claro, e por querer ficar. Mas obrigada, sobretudo, por desarrumar meu mundo. Descobri que gosto do fato de não saber lidar com você. Gosto de não ter o controle.
Na verdade, eu gosto mesmo é de gente que arranca minhas certezas com a mesma urgência que tira minhas roupas!

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