Eu costumo ouvir as pessoas dizerem que ser mãe é padecer no paraíso – e é bem possível que seja mesmo verdade, não tenho conhecimento de causa para discordar. O que eu posso afirmar com certeza é que ser tia é dar um rolé periódico na residência do Santíssimo e voltar de lá com o estoque de ternura completamente reabastecido.
Sou dessas tias babonas mesmo, sabe? Apaixonada pela minha sobrinha!
Não sei se consigo externalizar o quanto a chegada de um serzinho assim pequeno e frágil alterou de maneira tão profunda a minha postura diante do mundo. E acredito que também não faça muito sentido para as pessoas aí fora como é que esse sentimento pode ser tão forte, tão pleno... Às vezes nem eu mesma entendo. Nem eu mesma sabia que podia amar tanto alguém!
Foi um amor que começou por tabela, como uma vertente do amor fraterno, como uma forma de retribuir àquela irmã querida anos e anos de admiração e gratidão. Mas foi um amor que não se contentou em existir apenas como sentimento terceirizado. Quando dei por mim ele já estava existindo por si só... Cresceu, se desenvolveu, tal qual um adolescente quando sai de casa, e só faz ficar mais forte a cada dia.
E é um sentimento que tem influenciado diretamente no tipo de pessoa que eu sou. Tenho vontade de ser mais correta, íntegra, de crescer enquanto ser humano para que possa servir de exemplo para Maria Eduarda. Tenho vontade de fazer deste o melhor mundo possível para ela viver.
E queria também poder protegê-la de todos os males dessa vida. Queria que ela não precisasse lidar com os apelidos chatinhos dos colegas da escola, queria que ela nunca sentisse a dor do primeiro amor não correspondido ou que nunca tivesse amigas falsas. Não queria também que ela passasse pela apreensão do vestibular nem pelo sofrimento de uma apendicite... E outros percalços eventuais.
Mas eu, FELIZMENTE, não posso nada disso. E ainda bem que não posso, porque são as dificuldades que ela vai enfrentar nessa jornada que vão ajudar minha menina a se transformar numa mulher.
Cabe a mim, portanto, ser para Duda um porto-seguro. Uma fonte inesgotável de amor e compreensão. Alguém que vai ajudá-la com os transtornos dessa vida. Acho que esse é o dever implícito no termo de compromisso das tias. E é um papel que eu aceito de bom grado, feliz até, e despretensiosamente. Só para ver no rosto da minha sobrinha um sorrisinho sincero – que daqui a alguns dias vai estar cheio de dente, a propósito!

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