E de tristeza vou viver Aquele adeus não pude dar




- Alô?
- Maria, Mosquito sofreu um acidente.


Ai eu devia acordar, beber um copo d’agua, ir ao banheiro e voltar pra minha cama, dessa vez para sonhar com coisas boas. Queria sonhar agora com um vestido colorido numa paisagem bucólica e jujubas, muitas jujubas.
Mas não era um sonho; eu não acordei. Eu não acordei (até agora) de um pesadelo angustiante.

Pedi um litro de realidade, mas não precisava, a realidade era aquela. AQUELA era a vida, em sua face mais cruel e obscura. Aquilo? Era simplesmente a vida acontecendo. E a vida é injusta, meu caro.
17 anos... Tantos planos!
Sabe, íamos ‘entrar juntos na faculdade, com fé em Deus’! Mas Deus é um cara gozador, adora brincadeira... Brincadeira de mau gosto essa.
23/05, segunda-feira, a polícia federal perdeu mais um delegado. E dos bons.

- Acabou pra você, delegado Mosquito.
E acabou muito antes de começar.

Para mim, um concorrente a menos.
Em mim, uma saudade a mais.

Não sei, Mosquitíssimo, não sei porque você se foi.

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